segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Árvores Ambulantes

As vezes em um passeio, você olha para uma árvore e com o leve movimento que é provocado pelo vento, ela te dá uma tranquilidade, uma paz. Se uma árvore que está enterrada, parada no seu lugar nos causa essa sensação. Então por que  nós não podemos levar essa sensação de paz, tranquilidade,conforto para as outras pessoas? Poderíamos ser uma espécie de “árvore ambulante” que é movimentada pelo vento do amor.

[Victor Castanha]

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

A Pesca


Os passáros cantam...ouço o piar desses pequeninos seres, a brisa se encarrega de criar um clima maravilhoso.
Homens e mulheres falam, conversam e sorriem, manifestação magnifica; famílias em seu momento de lazer e descanço. Quando penso no reino de Deus é exatamente esta manifestação que me vem a mente, que toma vôo em minha imaginação, sonho e utopia.
Em um lago vejo alguns homens pacientemente aguardando o momento certo para recolherem seus anzóis, muitos com alegria outros nem tanto por sua isca não funcionar. Mas sou tomado pelo incomodo e algo me intriga na pesca, pois sou fruto de uma tradição que exemplifica sua missão nesta ação, a pesca. Ouço e vez por outra até me vejo pronunciar a máxima que somos pescadores de almas.
...Linha a se arrastar, bóia a afundar, chegou o grande momento... Inicia-se a luta entre o pescador e o peixe. Trava-se uma batalha entre dois seres, onde um briga em recolher o anzól e outro luta para manter-se na água. Duas criaturas obstinadas a não entregarem os pontos, o peixe com seu instinto, se debate, mergulha prufundamente na busca em se desvenciliar do anzól que o fisgou, nada de um canto para outro, mas infelizmente sua adestreza na água não o livra do homosapiens. Peculiaridade que caracteriza sabedoria e racíocinio desse ser, "o pescador".
Com sua sabedoria o pescador percebe que esta batalha será vencida não só pela força, mas sim pelo cansaço. No debate de sua presa, segura sua vara com firmeza, ao perceber o mergulho do peixe libera o molinete e trava um vai e vem. Com o tempo o peixe exausto pela batalha aceita seu estado de dominado e o pescador o arrasta para beira do riacho. Finda-se a luta e uma festa é anunciada e comemorada pelo dominador no âmago de sua "alma"
Neste instante meus neurónios não me deixam quieto, começam a se mover de um lado para outro, semelhantemente ao peixe na busca de livrar-se do anzól que a minutos atrás observava. Talvés seja este o real motivo de toda esta movimentação assoberbada dos pulsos elétricos que transitam de uma lado para outro em meu aquário, pois acabo de ser fisgado por um pensameto. Porque sou ou devo ser pescador de almas?
Devo travar uma batalha com as almas? Mas que almas? Seriam as almas diferentes da minha? Alias qual a diferença de minha alma para o meu próximo?
... Diversas perguntas surgem... Pontos de interrogação brotam como flores na primavera.
Durante boa parte da minha vida ouvi a afirmação: “somos pescadores de almas”, ouvia pastores, irmãos de fé, amigos e até mesmo familiares por ter nascido em um lar tradicionalmente cristão. Confesso que isso sempre me deixou bastante incomodado e ao mesmo tempo intrigado. Como posso ser um pescador de almas? 
Como já dito nasci num lar cristão, alias creio que o melhor termo seja um lar evangélico protestante, desde meus bisavos por parte de mãe estamos inseridos no protestantismo. E por este motivo sempre ouvi e tinha a certeza que as almas citadas nessa frase seriam todas as pessoas que não estivessem no mesma "fé" que a minha ou melhor dizendo que não vivessem os mesmos dogmas que os meus, no português claro, católicos, espiritas, ateus, budistas entre diversos outros religiosos. Assim como eu.
Mas  hoje para mim isso é mais um questionamento que nasce em minhas reflexões ao invés de ser uma afirmação.
Somos ou devemos ser Pescadores de almas?
Voltando novamente meu olhar observador e questionador, por assim dizer, ao pescador e o peixe, vejo um ser dominador vencer a batalha e matar o dominado.
As vezes tenho a impressão que nós protestantes desempenhamos muito bem esta função do pescadores aqui observado, pois realmente dominamos e matamos nossas pescas. Matamos estas almas por tirar delas os desejos, sentimentos, limitações com afirmações como 'tudo posso naquele que me fortalece' sem nem olharmos ou aprofundarmos o contexto que esta celebre expressão foi pronunciada, com dizeres e pré conceitos em afirmar que todas as manifestações religiosas diferentes da nossa são profanas, assumindo imediatamente que somos detentores da verdade, aprissionando as manifestações de Deus em nossas ações. Não deixamos as pessoas viverem em amor, mas impomos nossos dogmas. 
Seria esta a missão de Cristo?
Acredito que não. Prefiro pensar e agir num movimento diferente, mas isso é o meu parecer particular. Creio que devemos dar vida a estas almas e mostrá-las o enorme riacho, rio e mares que existem para desfrutar o demais é fruto do Espírito Santo, Missio Dei . Talvez o nosso papel não seja pescar os “peixes”, as almas como predadores, ou seja, matá-las. Fazendo de nossas instituições religiosas um organismo reprodutor da instituição “mãe”, o sistema; extraindo os peixes dos rios, ou as almas do "mundo", pois sem oxigênio há morte. Quiça devamos impulsioná-las para a piracema quebrando as cadeias dos sistemas e caminhando pelo trilho da graça, que flui da fonte de águas vivas que é Jesus o nosso Cristo.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

ARRISCAR-SE

Rir é arriscar-se a parecer louco.

Chorar é arriscar-se a parecer sentimental.

Estender a mão é arriscar-se a se envolver.

Expor seus sentimentos é arriscar-se a expor o seu eu verdadeiro.

Expor suas idéias e sonhos em público é arriscar-se a perder.

Viver é arriscar-se a morrer.

Ter esperança é arriscar-se a sofrer decepção.

Tentar é arriscar-se a falhar.

Mas... é preciso correr riscos.

Porque o maior azar da vida é não arriscar nada...

Pessoas que não arriscam, que nada fazem, nada são.

Podem estar evitando o sofrimento e a tristeza.

Mas assim não podem aprender, sentir,crescer, mudar, amar, viver...

Acorrentadas às suas atitudes, são escravas, abrem mão da sua liberdade.

Só a pessoa que arrisca é livre...

Arriscar-se é perder o pé por algum tempo.

Não se arriscar é perder a vida...

(Sören Kierkegaard)

Estudo - Salmo 128

Introdução



Buscaremos através das ferramentas hermenêuticas e o processo de análise histórico-crítico, trazer mais informações e esperanças do povo de Israel e o salmista, representante e orador do povo, o qual verbalizou e escreveu as esperanças israelitas, passando por uma longa viagem de transcrições e chegando a nós através do Canon ao decorrer de mais de dois mil anos. O nosso objeto de estudo encontra-se na oratória do Salmo 128.


Buscaremos verdades e fundamentos históricos através desse objeto de estudo, mas tendo como norte o Criador, o mesmo Deus da esperança Israelita. O Deus que através da história se fez presente na história.

2. Forma/ Poesia


- Cabeçalho – v.1 - Gratidão ao Senhor (Javé)
- Frase principal – v.4 - As bênçãos do Senhor (Javé)
- Primeira estrofe – v.2 – 4 - Sinais das bênçãos do Senhor (Javé)
- Segunda estrofe – v.5 – 6a - A graça de Javé de eternidade a eternidade
- Momento litúrgico – v.6b - Saudação ao povo de Israel

3. Assuntos de Conteúdo/ Interpretação


v.1a. Como (é) feliz quem teme ao Senhor
Nesta frase temos uma oração nominal, pois no hebraico não temos o verbo (ser), ficando da seguinte forma: Como feliz quem teme ao Senhor. Esta ausência de verbo no hebraico nos mostra uma ação atemporal, sendo a felicidade derramada por Javé ao que teme (respeita, reverencia e adora) de eternidade a eternidade.


Enxergamos também nesta oração o sentido teológico principal deste Salmo, mostrando o salmista que a adoração e reverência a Javé enche de felicidade eterna (ontem, hoje e no amanhã) a todos os que o temem.

v.1b. quem anda em seus caminhos
Esta oração complementa a primeira parte do versículo 1. O andar no caminho 4 de Javé, preenche ao povo de felicidade.


Os caminhos (vontade) de Javé, estão exemplificados no versículo 3. Mostrando o desejo do Senhor ao seu povo.


“Sua mulher será como videira frutífera
em sua casa;
seus filhos serão como brotos de oliveira
ao redor de sua mesa.”

Mesa cheia nos mostra a vontade/ desejo do Deus, comunhão.


• Ato de comungar: partilhar das mesmas idéias ou sentimentos.
• Ato de Sentir: Perceber, compreender e conceber.

v.2. Você comerá do fruto do seu trabalho,
e será feliz e próspero.
Do labor do homem, sairá o seu sustento, referenciando ao Gn. 3.17 – 19, mostrando à tradição do salmista e do povo a lei do Senhor. Mas não só trabalho haverá o sustento, e sim a provisão com felicidade e bênçãos.

v.3a. Sua mulher será como videira frutífera em sua casa
Visualiza-se nesta oração do Salmo a felicidade e prosperidade dos homens (povo), com esposas férteis que dará frutos aos seus maridos. Concretizando as bênçãos através dos filhos, estes são os frutos de Javé, trazendo alegria, assim como o vinho trás ao povo israelita.

v.3b. seus filhos serão como brotos de oliveira ao redor da mesa
Os filhos são o início do florescer da oliveira. A oliveira é uma árvore geradora de azeitonas e azeites, bens muito valiosos de consumo em Israel na época.


A herança do Senhor ao salmista e o povo de Israel, são os filhos de muita valia trazendo a alegria e norteando o caminho/ vontade de Javé, citado no v.1b. A comunhão exemplificada nesta oração, comunhão que nos faz “se alegrar com os que se alegram e chorar com os que choram”. A família ao redor da mesa mostra não hierarquia e sim uma rede de relação, pai, mãe, filhos, filhas e os filhos dos seus filhos.

v.4. Assim será abençoado o homem que teme ao Senhor.
A legitimação do abençoar e prosperar de Javé. Nesta frase temos a afirmação e a confiança do salmista no Senhor na provisão da felicidade, a fidelidade do amor de Deus para com povo, trazendo a bem-aventurança através da comunhão da família, descrito no v.3.

v.5a. Que o Senhor o abençoe desde Sião
Javé do alto do monte, o trono do Senhor, faz feliz o seu povo. Mas não só no momento presente e sim desde Sião, o ontem. O Senhor torna feliz ao que o teme, através das gerações nascidas do homem (v.3b) glorifica ao seu povo e o glorificará eternamente como vemos nos versos 5 e 6.

v.5b. para que você veja a prosperidade de Jerusalém todos os dias de sua vida
Para que o salmista e o povo, veja o reflorescer de Javé em toda a terra, através dos filhos e os filhos dos seus filhos, concretização da promessa e caminho de Deus. Desenvolvendo a vontade de Deus em toda a terra, e tendo êxito na construção do Reino de Deus a bem-aventurança, famílias (v.3).

v. 6a , e veja os filhos dos seus filhos.
Vendo o salmista e o povo de Israel a sua descendência, as novas gerações, sendo o crescimento da família e comunhão, (v.3.) com os filhos ao redor da mesa.


Sendo a promessa de prosperidade e fertilidade do Senhor, não só apenas em tempo atual, mas sim em tempo futuro.

v.6b. Haja paz em Israel
Havendo quietação do salmista e do povo no Senhor. Saudação de benção, liturgia.

sábado, 7 de agosto de 2010

O que é uma fonte?

É um lugar de continua renovação que sacia uma carência: a sede. Sabemos que a fonte se inscreve em uma permanência, mas a água que ela nos dá é sempre nova.
Ela sacia a falta de água material necessária para viver! Acalma a sede. Mas é sempre nova, nunca é a mesma água. Não é como um lago. O lugar de onde a água emerge, que é a fonte, é o mesmo, mas o líquido que vemos jorrar e que nos desaltera é sempre novo. O lugar do evangelho é o texto...
(Françoise Dolto)

sexta-feira, 6 de agosto de 2010

Ética Cristã...

A ética pessoal cristã pode por assim dizer ser um chamado à responsabilidade individual, exprimida na prática da relação social, e também à reflexão quanto ao tipo de seres humanos que somos, desejamos e precisamos ser. A ética cristã encontra na Bíblia, já no Gênesis, relato da criação, um chamado à autoconsciência humana. É um chamado divino a reconhecermos o valor das nossas escolhas e ações, decisões.

A visita à alma

É de madrugada e em meu quarto ouço vozes...

Pelas frestas da janela escuto sons a propagar, logo percebo que são garotos na rua a conversar. Talvez, por este motivo não consigo entoar uma canção para meu descansar.

Percebo que acabo de subir em um ringue. Travo minha luta solitária na tentativa de me acalmar, busco entre o travesseiro o aconchego para sonhar, mas hoje, sinto algo diferente. Ansioso, sinto-me impedido de repousar, logo encontro em meu celular uma caverna para me abrigar, homo zapiens¹ da era cibernética que sou.

Nesta caverna entro no mundo virtual das mensagens eletrônicas, nela procuro o que esta a incomodar, e em um instante de devaneio, exclamo...

Justo eu! Mas pareço uma pedra ao deitar, sarcástica monotonia, a pedra em seu privilégio de repousar ao luar, obra que nenhum Picasso é capaz de pintar.

Não demoro muito para perceber que nada há em que a tecnologia possa ajudar. Algo persiste em me incomodar e o sentimento de angustia me toma, pois volto à realidade, ainda ouço as vozes dos garotos a conversar. Mas o que será? Persisto em questionar...

Logo hoje que o cansaço está a martirizar, martírio de glória por uma corrida finalizar, mas alguma coisa, ainda insiste em incomodar.

De assalto, sinto uma lágrima rolar, lágrima que decide no travesseiro se acomodar e percebo que no secreto acabo de entrar...

Não mais em uma caverna, mas no colorido do reino, sinto o altíssimo me acariciar e como um menino me ponho à conversar, com doçura de criança quando tem seu par para brincar.

Mesmo solitário em meu quarto sons continuam ecoar, mas agora não são os garotos a falar.

Em um minuto sou transportado, ouço Ele pelo quarto caminhar e de braços abertos a me olhar. Em um instante sinto também que minha amiga, Sarayu², com sua felicidade veio me encontrar.

Ainda de olhos fechados titubeio, penso... talvez à loucura veio em minha mente se assentar?

Mas ao abrir os olhos percebo meu pensamento elucidar e vejo não com os olhos do homem, mas com os olhos sapiens.

E observo que esta noite meus amigos, vieram-me visitar. Com saudades as lágrimas persistem em rolar, e neste instante vai o incomodar e se aconchega o alegrar.

Neste entusiasmo vejo, Ele, o messias com seus braços abertos se achegar, e com um lenço me tocar para com doçura minhas lagrimas enxugar.

Diante de tais gestos de cuidar, tomo uma decisão. Levanto, e em um papel registro este segredo, o secreto que me faz apaziguar, e em sentimentos utópicos põe-me novamente acreditar.

Acreditar no amar! Amar de amigos que nesta noite vieram-me por para deitar.

Muitos os chamam de Onipotente, mesmo porque em um temos três e três está em um, mas mesmo com a loucura da trindade a assolar prefiro ficar com o meu amigo ou amigos, sei lá... E na beleza desta visita deleitar.

E neste momento impossível de explicar, ressurge a chama de sonhar juntamente com o dia clarear.

Bom dia!

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¹ PELEVIN, Viktor – Homo Zapiens

² YOUNG, P. William – A Cabana

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Aprendendo com a vida, com vidas!

Por que corremos
Aonde vamos
Aonde chegamos

O que levamos?!

Anos difíceis!
Anos onde olhar ao redor é perda de tempo...
Tempo que significa dinheiro, posição...
Que indignação!

Dias onde o próximo não significa nada
Onde a família não se mostra amada
Dias onde a vida se resume em desgraças
Por que vivemos correndo, lutando, buscando?

Mas buscando o quê, se ao final nos resumimos a cinzas
Por que maldito sistema, maldito homem...
Ensinou-nos outra forma de ver o mundo,
Cegando-nos do profundo.

Sem alegria
Prazer
Caridade
Sem amor

Mas não me deixo vencer
Buscando no fundo, onde apenas eu posso chegar
Pude encontrar...
Encontrar respostas para minha indignação.

Enxergar que não é correr em busca da posição e sim da compaixão.
Ser como meu ancestral que lutou,
Lutou pelo amor, pela vida, pela paz.
Paz de espírito, paz com Deus.

Um dia encontrarei essa paz!
Um dia chegarei ao alto da sua sabedoria!
Onde mesmo em cinzas pode me ensinar a amar
Amar sem querer o troco, amar por nada, simplesmente amar...

A vida
A família
Aos amigos
Ao meu Deus!